Trio Virgulino celebra a carreira com show gratuito no Sesi neste sábado

(Foto: Divulgação/Trio Virgulino)

Por Henrique Inglez de Souza

O Trio Virgulino celebra a sua longa e respeitada trajetória de 36 anos com um show gratuito este sábado (24), às 20h, no Sesi. Os pernambucanos Enok Virgulino (voz, sanfona), Adelmo Nascimento (voz, triângulo) e Roberto Pinheiro (zabumba) trazem seu forró pé-de-serra certeiro para agitar o público com músicas próprias e clássicos de gerações variadas, que vão de Luiz Gonzaga a Falamansa. A reserva de ingressos acontece pelo site Meu Sesi. 

"O nordestino gosta tanto de música que, se você bater numa lata, aparece alguém para dançar", foi com esse bom humor que o simpático Enok Virgulino conversou com o PiaparaCultural. Ele nos contou que o grupo está preparando um novo álbum ("talvez saia ainda este ano"), falou de Piracicaba e, claro, do que melhor sabe fazer: forró.

O Trio Virgulino costuma vir bastante a Piracicaba. Gostaria que falasse dessa ligação tão estreita que selaram com a cidade.
Conhecemos Piracicaba desde o tempo do bar Dezoito's, nos anos 1980. O palco era num mezanino, e fazíamos um forró tão quente, tão doido, que parecia que aquilo ia cair. Eu tinha medo de desabar com aqueles jovens forrozando com o Trio Virgulino. Era uma loucura [risos]!

Forró arretado...
É, o negócio é quente!

É curioso ver como Piracicaba tem uma diversidade musical – do forró, reggae ao jazz manouche. A que atribui isso?
A cidade que tem universidades acaba recebendo gente de toda parte do país, e esse povo traz suas influências – tanto do forró como do reggae... Por ser tipicamente brasileiro e rolar em vários lugares diferentes, o forró tem uma penetração boa em Piracicaba. Então, o Trio Virgulino sempre teve essa facilidade de tocar aí por causa dos universitários.

O que acha das vertentes mais novas do forró?
Não tenho nenhuma crítica. Tudo bem que algumas não são o forró autêntico, que era o de Luiz Gonzaga, mas são jovens, e talvez empresários, tentando levar algo para o público. De qualquer maneira, nosso forró está sendo evidenciado por eles também.

Então, não interfere no trabalho que vocês fazem, não atrapalha?
Não! O forró é uma coisa muito pura, sabe? É como o samba de raiz: você pensa que vai sumir, mas de vez em quando abre algo aqui e ali com um forrozinho... O Alceu Valença disse que forró é como fogo de monturo: você apaga, ele finge que apagou, mas fica uma fagulha, que reacende o fogo em outro canto. E é assim, o forró é meio isso [risos]. Não acaba nunca! 

Ele pode não figurar nos maiores veículos, a grande mídia eventualmente o abandona, mas não acaba, não. Está em evidência, tem sempre alguém talentoso tocando. Por exemplo, o Tato, do Falamansa, que é daí de Piracicaba. Nós os conhecemos desde que eles eram estudantes e iam ao nosso forró para curtir.

Como costumam vir bastante a Piracicaba, quando voltam para cá tentam mudar algo para dar uma variada no show?
Esse show de sábado talvez mude um pouco, porque falaremos da história do Trio. Mas não muda muito, não. É dentro daquele foco da tradição de Luiz Gonzaga, de Alceu Valença..., desse povo que fez a coisa certa lá atrás, e também do repertório do Trio, da nossa criação. 

Também falamos bastante sobre as músicas. Uma vez, fui convidado para falar na Câmara dos Vereadores de São Paulo. Éramos eu, um folclorista e um professor de História. Aí, pensei: "O que vim fazer aqui com esse povo, se nem estudo eu tenho? O que vou dizer a eles?" Não sabia nem por onde começar, e os dois falaram muito. Me deixaram por último. Iniciei contando sobre mim – a história do forró se confunde com a do forrozeiro. Pedi uma sanfona, que eu já tinha deixado ali [risos], e fui contando algo que desembocava numa música. Quando eu cantava, me aplaudiam e ficavam felizes.

Veja o Trio Virgulino ao vivo e vá aquecendo o corpo para este sábado. 
  

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