Alexandre Nunes é o convidado do Projeto Raizeiro desta sexta, no Quatizinho

Alexandre Nunes (Projeto Raizeiro/Divulgação)

Por Naiara Lima

Alexandre Nunes toca nesta sexta-feira (9), às 20h, no Bar Quatizinho, dentro do Projeto Raizeiro. O músico de Niterói (RJ), que integra a roda Samba do Trabalhador, divulga seu mais recente CD, Marmita. Será acompanhado por instrumentistas locais, com os quais circulará pela região levando o mais tradicional do samba, o clima de descontração e a amizade de uma boa roda. 

De acordo com Bruna Takeuti, também do Raizeiro, o projeto nasceu com o objetivo de "fortalecer a cultura da roda de samba do interior paulista, por meio da união de sambistas de Piracicaba, Limeira e Rio Claro". Ela contou que os eventos acontecem em todas as cidades envolvidas e que costumam receber convidados, tais qual o Alexandre Nunes.

"Por meio da junção das diversas linguagens e dos integrantes do projeto realizamos nossas rodas nessas três cidades e eventualmente temos convidados especiais. São voluntários, e a verba arrecadada é utilizada para possibilitar a nossa continuidade", completou.

Compõem a empreitada nomes oriundos do Comunidade Quilombola (Piracicaba), Escola de Samba Grasifs (Rio Claro) e Quintal do Portuga (Limeira). Francisco Assis "Buziga" Ananias Júnior, outra figura do Raizeiro, pontuou o resgate de canções que tenham "belas melodias e que contam histórias". Segundo ele, "muitas vezes, elas são criadas em rodas de amigos e transmitem emoções que encontramos no samba". O objetivo do projeto é tocar, sem firulas, "samba de verdade, boêmio e vagabundo", concluiu Buziga.

Alexandre Nunes conversou com o PiaparaCultural, confira!

Você vem a Piracicaba tocar em um projeto que visa valorizar o samba de raiz e em um local que estimula a criação autoral. Como observa essas iniciativas?
Fundamentais! Projetos como o Raizeiro são lenha, sabe? Combustível! O povo ouve, filtra o que gosta e compartilha em outras rodas. É uma divulgação às avessas, em que as músicas nascem e crescem nas rodas e, muitas vezes, chegam aos grandes artistas. Estes, por sua vez, gravam e as levam para a grande mídia, conseguindo maior alcance de público.

Você acredita que samba ainda é resistência no Brasil, ou há abertura para o gênero?
O bom samba ainda sofre. Se não fossem as rodas e a internet, os sambistas teriam pouca chance de mostrar seu trabalho, já que rádio e TV, aparentemente, enxergam outros gêneros como "mais populares" [risos].

A Samba do Trabalhador já tem mais de uma década. Como é fazer parte deste grupo?
Poxa, é um orgulho ter meu nome escrito na história do Samba do Trabalhador! A cada segunda-feira, vivo uma experiência nova e um aprendizado diário, principalmente com o Moa [Moacyr Luz].

Em que isso contribui com o seu trabalho solo?
Em quase tudo. Já estava preparando meu primeiro CD, Minha Filosofia (2010), quando recebi o convite para integrar o grupo. O convívio com a rapaziada, com o Moa, me deu novos horizontes. Hoje tenho um pouco da musicalidade de cada um deles. Me vejo mais preparado para uma carreira solo, inclusive como compositor.

Marmita é seu segundo CD solo. Há músicas de compositores novos e consagrados, como Arlindo Cruz e Jorge Aragão, além das suas. Com tantos bons ingredientes, qual é o sabor dessa "marmita"?
De evolução, conquista e gratidão! Ter acesso, hoje, à maioria desses compositores e artistas é motivo de muito orgulho. Cresci ouvindo alguns e me inspirei em outros para tentar arriscar algumas canetadas [risos]. Sou bem grato por ser recebido na casa deles e sair de lá com um samba para gravar, como foi o caso do Sombrinha.

Em Piracicaba, você estará acompanhado de músicos cariocas ou com pessoal daqui?
Isso é algo importante e que merece louvor. Todos os músicos são do interior. É claro que todo artista prefere viajar com sua banda e tocar o seu repertório, com os arranjos etc. Mas poder contar com uma galera local, talentosa e que resiste às adversidades para cultuar o samba é motivo de bastante orgulho para mim. Só tenho a agradecer ao Serginho e à rapaziada do Quintal do Portuga, e à querida Bruna Takeuti, que, junto com todos do Raizeiro, viabilizaram essas correrias.

O repertório será o de Marmita?
Pretendo cantar bastante coisa dele, sim. Porém, tenho algumas do primeiro CD que costumo cantar nos shows, além das que gravei nos discos do Samba do Trabalhador e das de cantores de que mais gosto: Roberto Ribeiro, João Nogueira...

O quanto a formação da banda que estará contigo interferiu no repertório de Piracicaba?
Em nada. Como disse, são músicos talentosos, experientes e, o principal, interessados. Tanto a galera do Quintal do Portuga quanto a do Projeto Raizeiro foram muito atenciosos para com o meu trabalho. Receberam as partituras e estão com tudo nas pontas dos dedos. Faremos uma grande festa!

O pessoal do Projeto Raizeiro (Gigio Bastos/Projeto Raizeiro)

Serviço

Projeto Raizeiro: Alexandre Nunes
Quando: sexta-feira (9)
Horário: 20h
Local: Bar Quatizinho
Endereço: Rua Riachuelo, 1522 – Alto
Ingresso: R$ 12 (por pessoa)
Informações e reservas de mesa: (19) 3374-3895

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