Thereza Alves e Eloy Porto iniciam nesta quinta série de shows de Marcos Moraes
Por
Naiara Lima
O multi-instrumentista Marcos Moraes
convidou diferentes músicos com estilos próprios para um novo projeto. Em
parceria com o Sesc Piracicaba, a proposta de Viajando Pelo Brasil é mostrar parte da variedade de ritmos que
compõem a música popular do país. Fazem parte Rafael Beibi (Dona Zaíra), Lú
Garcia, Fernando Caselato, Sandra Rodrigues, Eloy Porto e Thereza Alves. Estes
dois últimos abrem a programação nesta quinta-feira (1°), às 20h, na Comedoria.
A entrada é gratuita.
Além de Marcos (violão, bandolim e
violinha), acompanham os convidados Fábio Leal (violão, cavaquinho, baixo
elétrico), Wagner Silva (bateria), Maicon Araki (percussão) e André Tagliati (acordeom).
O show inicial foi intitulado Piston de
Gafieira e abordará choro, samba e maxixe. Os seguintes são Solo das Cores, com Fernando Caselato e
Sandra Rodrigues (08/09, 20h), e Corda e
Fole, com Rafael Beibi e Lú Garcia (15/09, 20h).
O coordenador do projeto conversou com o
PiaparaCultural sobre Viajando Pelo
Brasil. Confira a conversa!
A
proposta consiste em três shows, cuja temática é uma viagem por ritmos do
Brasil. Fale de como foram divididas as apresentações.
Cada show será temático e referente a
uma região. Não vou expor todos os ritmos do Brasil – não é essa a ideia. Selecionei
os gêneros por similaridade. O primeiro será daqui, do Sudeste, com o maxixe, o
samba e o choro, tradicionais no Rio de Janeiro e em São Paulo. Apresentaremos um
repertório só com essas vertentes musicais, porque são as mais representativas
que temos e também por serem as que mais trabalho e domino.
Os outros mantêm essa ideia, porém,
abraçando outros ritmos e um número maior de regiões. O segundo abrange o Centro-Oeste,
Sul e ainda o Sudeste. Por exemplo, do interior temos o batuque, a toada, a
moda de viola, o pagode – e iremos pegar um pouco de canção. Já do Sul, o
chamamé, a guarânia... Remeterá mais ao pé no chão, ao cheiro de terra.
Usaremos viola caipira, acordeom e instrumentos que remetem a esse universo.
No terceiro show, os ritmos mais
representativos do Nordeste e Norte, como forró, xote, baião, xaxado, coco,
maracatu e frevo. Montei os espetáculos para o povo, para o caipira, um
indivíduo sem tanto contato com a cidade. Pensei em falar um pouco do Brasil
rural. Acho que o DNA musical de nosso país está nesses gêneros. São
importantes, pois fazem parte da nossa cultura de base.
Interessante...
O objetivo inclui tratar desse contexto
histórico e social, o gênero e a música como parte do desenvolvimento cultural
e das pessoas. Como os músicos populares traziam isso para as festas e
celebrações e reformulavam o erudito – caso do maxixe, que se originou da polca
dançada pela alta sociedade. A população transformou aquela dança em algo mais
próximo, com mais malemolência. Então, temos como foco também explorar isso. Por
essa razão, os compositores escolhidos são referências nesse processo. Esperamos
dar essa dimensão ao público, sobre quem foram os compositores, os caras que
criaram as linguagens e os temas.
O
que ouviremos nesses três dias de Viajando
Pelo Brasil?
Hoje trabalharemos com os principais
artistas que representam alguns gêneros, aliás, em todos os dias será assim.
Teremos Geraldo Pereira, Clementina de Jesus, Tonga, Pixinguinha, Chiquinha
Gonzaga, Paulinho da Viola, Cartola, entre outros. No segundo dia, Tião
Carreiro, Pena Branca e Xavantinho, Almir Sater, e muitos mais. E no terceiro,
Dominguinhos, Luiz Gonzaga, Sivuca, Jackson do Pandeiro, Anastácia, Gordurinha
e outros.
Você
é um músico que transita por diferentes formações, grupos, e trabalha com inúmeros
artistas. Como isso influencia o seu trabalho?
Como estudei muito música brasileira, tenho
uma necessidade grande de estar em contato com todas essas linguagens.
Consequentemente, isso faz com que busque contato com músicos diferentes, para
mergulhar no universo de cada um e vivenciar tais linguagens que aprendi e que
toco. O Viajando Pelo Brasil passa
por essa minha característica. Gosto bastante da música popular brasileira e
principalmente da forma de se tocar, daquilo que ela me traz, do ritmo, do que
cada melodia traz como interpretação, das letras. Então, o projeto foi criado
pela minha vontade de ter esse contato, especialmente com gêneros e os artistas
que os executam.
Diversos
artistas integram o projeto. O que cada um tem de diferente ou parecido que te
despertou a atenção para fazer o convite?
A Thereza Alves vem da época de ouro da
rádio. Pegou aqueles anos do samba de breque, do samba de gafieira, do samba de
roda. Traz características na forma de cantar que só encontramos na sua voz. Foi
uma pessoa que me veio logo à cabeça quando pensei em samba, pois passeia por
todas as vertentes com a sensação de estar vivenciando cada época. Já o Eloy
Porto é extremamente musical. Tem uma vivência rica no soul e jazz, mas também
domina muito na música brasileira. Acho que o trombone é pouco explorado nas
formações de choro, por exemplo, embora tenha tudo a ver.
O Fernando Caselato é violeiro,
pesquisador, conhece bastante do regional, além de ritmos latinos, do Peru, Colômbia,
Bolívia. A Sandra Rodrigues é tradicional da cidade, bem carismática, e já
cantou música regional. Tem uma impressão vocal perfeita para isso. O Rafael
Beibi e a Lú Garcia estão sempre envolvidos em projetos ligados a algo mais
vibrante – o Beibi com o Dona Zaíra e o forró e Lú com um jeito que é mais
expansivo. Todos, além dessas características, estão ligados às linguagens exploradas
no projeto.
E
as oficinas, como e quando acontecem?
Serão realizadas nos dias 3, 10 e 24 de
setembro, entre 10h e 12h. Os interessados devem se inscrever pelo site do
Sesc. O limite de idade é de 14 anos, porque é preciso ter certa experiência
com o instrumento. Poderão participar instrumentistas de sopro, cordas
dedilhadas, cordas de arco, percussão, bateria, piano e canto. Faremos uma
dinâmica de prática em grupo. Ou seja, vamos estabelecer um repertório em que
irão tocar músicas dentro do contexto dos ritmos brasileiros – forró, choro ou
samba. Exploraremos a execução dessas composições e o interpretar, como é
possível fazer improvisação, criar dentro dessas linguagens. E também um pouco
de conceitos de arranjos e questões ligadas à musicalidade de cada um.
As oficinas não têm como objetivo apenas
a transmissão de conhecimento. Trabalho com os alunos em um nível mais
profundo, que envolve desbloqueios. Por
exemplo, a pessoa tem um bloqueio corporal que não a permite conseguir interagir
com o ritmo, ou um bloqueio de expressão que a encolhe no palco e assim ela não
consegue tocar ou dar vazão ao que está sentindo e tocando. A gente consegue se
aprofundar um pouco mais a fim de lidar com a criação e a musicalidade, que
está muito ligada ao aspecto intuitivo e sensitivo dos participantes.
Serviço
Viajando Pelo Brasil
Show
com Thereza Alves e Eloy Porto
Quando: hoje
Horário: 20h
Local: Sesc Piracicaba
Endereço: Rua Ipiranga, 155 – Centro
Grátis
Workshop
Ritmos e Gêneros Musicais Brasileiros,
com Marcos Moraes e Valterci Martins de Moura
Quando: sábados (03, 10 e 24/09)
Horário: 10h
Local: Sesc Piracicaba (Sala do Curumim)
Grátis
Inscrições: aqui
Informações: (19) 3437-9292
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