1° Faup: pista de skate do Cecap recebe festival de arte urbana neste sábado


Fábio Oliveira Biofá/Divulgação

Por Naiara Lima

"Faça você mesmo" foi a frase que moveu um coletivo de skatistas da velha escola piracicabana, além de diversos artistas. Eles organizaram um evento gratuito com campeonato de skate e apresentações de música, grafite e arte de rua. Neste sábado (30), todos estão juntos na realização do 1º Faup (Festival de Arte Urbana na Pista) – que começa a partir das 9h, na pista de skate do Cecap (av. Eurico Gaspar Dutra, s/n – entrada do bairro) -- informações neste link. 

A proposta do festival é dar oportunidade a quem faz cultura e esporte na cidade. Também é deixar uma mensagem positiva aos jovens do bairro sobre as potencialidades que existem em cada um. Para isso, haverá apresentações de capoeira e oficinas sobre batucada, percussão e montagem de bancos de pallets. Outras ações são: plantio, doação de mudas e recebimento de livros (para a Casa de Cultura Hip Hop).

Integram o 1º Faup as bandas Dom Ramon, Shapadas na Canela, Black Coffee, Famous Monsters (Misfits Cover), além dos grupos Rap Zona 96, Graime & Gordão e dos DJs Crypton e Marquinhos. Haverá, ainda, uma batalha de MCs com os freestylers da Batalha Central e da Cena do Louco. 

O campeonato de skate começará às 13h e premiará os melhores colocados. As categorias são Best Trick Mirim, Iniciante, Amador e Best Trick Feminino. Para participar da disputa, é preciso ir ao local, preencher uma ficha de cadastro e levar 1 litro de leite, que será doado.

O evento contará com um grupo de grafiteiros, que fará 60 metros lineares de grafite, divididos em 16 painéis. Também participam os projetos Adote uma Árvore, Horta Comunitária, Revitalizando a Cena e Geladeiroteca da Pista. Fábio Oliveira, o Biofá, é um dos organizadores. Ele conversou com o PiaparaCultural sobre o 1º Faup. Confira!

O festival partiu da falta de atividades relacionadas à cultura urbana. Poderia comentar mais sobre como surgiu a ideia do Faup?
Um fato, que é óbvio hoje em dia, é a falta de referências positivas para os jovens. A quantidade de coisas indesejáveis é muito grande em relação às boas oportunidades de desenvolvimento e de sucesso pessoal. O acesso a exposições artísticas, shows que deixem uma mensagem positiva e eventos desportivos está cada vez mais limitado, ou até chega a ser algo desconhecido, por falta de opções e acesso. 

A ideia de promover o Faup envolvendo várias culturas foi justamente para mostrar os diversos caminhos e possibilidades. Proporcionar novos acessos e contatos e, acima de tudo, mostrar o quanto Piracicaba tem de potencial a ser explorado, potencial às vezes parado ou ignorado, que sobrevive por conta própria em busca de um sonho ou simplesmente para deixar um recado. Potencial, todos temos, basta apenas despertá-lo!

Por que um grupo de skatistas quer promover mais que um campeonato de skate?
Justamente para mostrar que ser skatista não é apenas andar de skate ou ter umas roupas de estilo. Quem conhece essa galera sabe disso, da união, do compartilhamento, da humildade em ajudar o próximo – seja em executar uma manobra, obter uma peça para o board ou em se dar bem na vida. Isso vem do skate, do punk, do hip hop e dos pensadores em geral. 

Se existem coisas ruins no meio de qualquer um desses movimentos, tenha a certeza de que isso não é a essência. São particularidades que devem ser tratadas como particularidades, mas de modo intenso e com a devida atenção. Cada um é cada um, e não devemos jamais generalizar. O skate e o grafite são meios de vida e de expressão, assim como os estilos musicais que os permeiam.

Nossa ideia com o Faup é manter esta chama acesa. É quebrar alguns tabus e, principalmente, nos divertirmos bastante. A mensagem é: não dependa dos outros. Se está a seu alcance, faça você mesmo, faça a coisa certa!

Também estão arrecadando livros? Qual é a proposta?
Os livros partem de um projeto que vem sendo praticado pelo pessoal da Casa do Hip Hop de Piracicaba. Eles se ofereceram para disponibilizar uma geladeira na pista de skate do CKP (Cecap), a qual ficará aberta e sempre disponível para receber e oferecer livros. Acredito que isso, além de promover o acesso e o incentivo à leitura, serve como uma forte mensagem subliminar para repensarmos nossos valores. Será que vai dar certo? Será que o pessoal não levará os livros ou até a geladeira embora? Será que estamos maduros o suficiente para isso? Tenho certeza que sim!

O que será feito com os painéis que produzirão no evento, pode explicar melhor?
Os painéis, na verdade, serão a própria parede do Delta Supermercados. Fui até eles com a proposta de resolver o problema de pichação, de transformar algo ruim em algo maravilhoso e ainda tornar pichadores em grafiteiros. A ideia é promover a interação para que possam pegar dicas e técnicas, como uma oficina ao ar livre, um workshop dinâmico.

Como o Faup se tornou tão cheio de atividades?
A partir da confirmação do Delta Supermercados em ser parceiro de um encontro de grafite. Na verdade, já era um projeto antigo que ficou uns quatro anos na gaveta e foi amadurecendo (eu não tinha o contato certo lá dentro). 

Diante desta oportunidade, envolvi alguns parceiros da velha escola (Junior Alcatra e o Alexandre Brasil, o Teba). Comentei sobre o projeto e mencionei de desenvolvermos um campeonato de skate voltado às novas gerações e que fosse realizado no mesmo dia. Assim, consegui os aliados de que precisava. Depois vieram muitos outros: Storel, Bisão, Felipe... O Alcatra fez o contato com as lojas que conhecia e eu com outras pessoas, e conseguimos um patrocínio enorme.

Logo em seguida, sentimos a necessidade da música, inevitável em qualquer forma de arte. Fizemos o comunicado no Facebook e para amigos, e surgiram vários interessados. Bandas de hardcore e rap ainda na fila de espera – em caso de desistências ou para um próximo (em desenvolvimento). 

O Igor Serra cuidou da parte dos grupos de rap e freestylers, o Dilsão e o RIP me ajudaram a reunir ainda mais grafiteiros e grafiteiras. O evento contará com artistas de Piracicaba, Rio das Pedras, Hortolândia, Campinas, São Paulo e da Colômbia. Além de mim, estão na organização: Carlinha, Delta, Igor, RIP. Alcatra, Storel, Teba, Dilsão, Bisão e Felipe.

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