Paralamas terão novidades em breve, diz Barone; banda toca sexta em Piracicaba

Maurício Valladares/Divulgação

Por Henrique Inglez de Souza

Os Paralamas do Sucesso voltam a Piracicaba esta semana para uma performance no Clube do Sindicato dos Metalúrgicos. Herbert Vianna (guitarra, vocal), Bi Ribeiro (baixo) e João Barone (bateria) tocam nesta sexta-feira (24), a partir das 21h, com ingressos que custam de R$ 50 a R$ 500 (informações). O trio está rodando o país para celebrar suas três décadas de história. Leia a seguir a conversa que tivemos com Barone.

Os Paralamas ultrapassaram a casa dos 30 anos. Qual é o tipo de perspectiva ou de sentimento que se tem depois desse tempo todo na estrada?
Cada show reafirma a nossa vontade de seguir adiante. Encarar o público é uma experiência revigorante, recarrega as nossas energias. Temos nossa história pregressa a favor. Temos vontade de fazer novas músicas, e enquanto acontecer assim, com essa espontaneidade e honestidade, iremos em frente.

Bandas de sucesso com longa carreira costumam esbarrar no dilema de compor repertórios, por conta das canções "obrigatórias". De quais canções você sente falta nos shows?
Estamos na estrada com um show de grandes sucessos. É uma demanda do público, que quer ouvir as músicas mais conhecidas. Porém, tratamos de dar um pouco de nossa produção de forma mais ampla. Fazer um repertório funcionar ao vivo exige equilíbrio e sensibilidade. Não é só tocar aquela música conhecida. O show tem que evoluir, tem que entregar climas e momentos distintos ao longo da apresentação. Ainda bem que o nosso repertório nos permite isso!

Bateria é um instrumento que exige bastante do músico, especialmente do que faz turnês extensas. Como você se cuida, nesse sentido?
Tocar já é um exercício muito bom. Acho que consigo manter um pouco a forma com essa rotina.

O que sai antes: um novo disco de inéditas dos Paralamas ou o seu terceiro livro?
Nosso novo álbum está fermentando. Em breve, traremos novidades.

Além do fato de seu pai ter sido parte da FEB, por que a Segunda Guerra Mundial te fascina tanto?
Foi um momento em que o mundo mostrou capacidade de se unir contra um mal maior. Pena que hoje vivemos uma maré de falta de humanidade. É fácil se esquecer dos problemas do passado, e assim eles ressurgirem outra vez.

Ao contrário de muitos pelas redes, você parece se abster dessa batalha de verdades que se tornou o assunto "política" no Brasil. O João Barone está otimista, ou o quê, em relação ao futuro próximo do país?
Quem tem filhos precisa acreditar que o país ainda vai ser um lugar bom para se viver. Só digo isso.

Os Paralamas já atravessaram, ao menos, dois períodos de grande turbilhão político no Brasil. Como a atual crise afeta a banda?
Tudo o que dissemos ao longo de anos com as nossas letras nos representa bem. Não precisamos explicar mais. Continuamos "perplexos" – nome de uma música nossa de 1988 – com os mesmos erros, as mesmas pessoas nefastas. Os coronéis continuam dando as cartas no país. Se isso ainda vai nos inspirar com letras panfletárias, não podemos dizer.

O fato de nos últimos dez anos vocês terem lançado um único disco de inéditas indica desgaste criativo ou certa perda de interesse em produzir material novo?
Acho que isso é natural para uma banda ou um artista com mais de 30 anos de estrada. Ficamos mais seletivos. No começo, as urgências são maiores, mas nunca fomos pressionados para gravar um disco. Esse ciclo criativo fica mais longo mesmo, isso não nos incomoda. Se pensarmos que, em geral, das 10, 12 ou mais músicas de um álbum, apenas uma ou duas acabam mais conhecidas, essa pressão por coisas inéditas diminui mais ainda.

De qualquer forma, cada artista ou banda tem a sua maneira de criar. No fundo, não há regras, e é tudo muito imponderável. Música é um fenômeno bastante complexo: pode ser algo bem simples e bem profundo ao mesmo tempo.

Hoje quase não há mais a referência que se tinha na grande mídia, mas temos a internet. Só que a internet, via de regra, não inspira retorno financeiro direto. Onde vive a dignidade do rock autoral no Brasil?
Essa é a pergunta de 1 milhão de reais! Eu acredito que existe algo mais além do que ganhar competições em programas de novos talentos na TV ou de quantos "likes" alguém leva. Quem sabe em um quartinho ou numa garagem neste exato momento esteja surgindo um novo talento que vai ganhar o seu quinhão apenas pela sua música, e nada mais.

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