Seo Manouche: show grátis nesta quinta no Sesc Piracicaba [entrevista + clipe]

Nanah D'Luize

O Seo Manouche apresenta-se nesta quinta-feira (3), às 20h, pelo projeto ModulaSons, do Sesc Piracicaba (rua Ipiranga, 155 – Centro/19 - 3437-9292). Com entrada gratuita, o grupo divulga o álbum Já Que Tá Que Fique, composto por oito músicas, autorais e releituras – tudo na roupagem do jazz cigano (ouça o material aqui).

A faixa-título foi o ponto de partida da empreitada encabeçada pelo contrabaixista Gilberto de Syllos. Trata-se do famoso hino popular do XV de Piracicaba em uma feliz repaginada manouche.

Depois de Piracicaba (SP), o Seo Manouche vai a Campinas (SP) (10/03, Sesc Campinas, grátis), São Paulo (SP) (12/03, Espaço 91) e Holambra (SP) (13/03, Casa Bela). Leia a entrevista com Gilberto de Syllos e, ao final da conversa, confira o clipe produzido para Já Que Tá Que Fique.

O que preencherá o repertório do show em Piracicaba?
O repertório mescla as músicas do CD Já Que Tá Que Fique, alguns temas instrumentais manouche e do cancioneiro brasileiro.

Qual será a formação do grupo para a performance?
A formação do Seo Manouche é: Gilberto de Syllos (contrabaixo acústico e voz), Bina Coquet (violão cigano), Daniel Grajew (acordeom) e Ernani Teixeira (violino). No CD, ainda contamos com o banjo tocado pelo Marcelo Modesto. A intenção é incorporar esse instrumento e o próprio Modesto nos próximos shows, pois no disco ficou muito interessante em temas como Já Que Tá Que Fique e Seven Nation Army, do White Stripes.

Como e quando nasceu o Seo Manouche?
Surgiu em 2014, a partir da minha vivência de tocar manouche em São Paulo com músicos do tipo de Bina Coquet, Flávio Nunes e Israel Fogaça, e da experiência que desenvolvi ao longo dos anos com o Hot Jazz Club de Campinas. Aos poucos, comecei a cantar algumas canções do repertório manouche, tais quais All of Me e C’est Si Bon. Depois, descobri gravações do quinteto do Django [Reinhardt] com Freddy Taylor (cantor, sapateador, entertainer) de 1936. Isso me motivou a experimentar e a tentar achar uma maneira de cantar o manouche, que é um gênero essencialmente instrumental.
Junto a tudo isso passei a cantar numa banda de rock chamada Powerhouse. Então, veio a ideia de testar o jeito de cantar rock com o manouche. Coloquei essas ideias no CD, e ainda estou experimentando. Agora meu interesse está em interpretar e adaptar canções do repertório brasileiro nesse estilo, como Gago Apaixonado (Noel Rosa), Cajuína (Caetano Veloso) e Festa do Interior (Moraes Moreira).
O Seo Manouche nasceu do meu interesse em cantar e tocar contrabaixo acústico, assim como levar as minhas ideias para o cenário manouche que desponta no Brasil.

A versão para o chamado hino do XV de Piracicaba ficou excelente não só por homenagear a cidade brasileira que abraçou com firmeza o jazz manouche, mas por dar um ar peculiar, nosso, ao estilo.
Estou muito feliz com o resultado inicial positivo. Em poucos dias de lançamento do clipe rural (chamamos a música de manouche rural), o Globo Esporte [TV Globo] colocou o vídeo em sua página e acabamos por tocar ao vivo em janeiro, no mesmo programa de esportes. Na semana passada foi o Domingo Espetacular, da Rede Record, que fez uso do clipe para uma reportagem sobre o "piracicabanês". Além disso, as pessoas identificam-se com uma mensagem muito alegre e inclusiva, pois o manouche é para todos, com uma alegria contagiante.
Esse espírito que o Diego Ruiz (diretor e criador do clipe) conseguiu transmitir foi crucial para o sucesso e a aceitação da peça como um todo, uma vez que Já Que Tá Que Fique foi criada para ser um videoclipe. Ela abre o CD, mas o impacto é absoluto quando se tem as imagens.

Você acha favorável em relação ao público do Brasil o fato de haver vocal em Já Que Tá Que Fique?
Aproveitando, antes, as mais de 30 vozes da peça fui eu quem fez. Pouca gente sabe, mas, quando levei a ideia para o Diego Ruiz, ele na hora falou: "Vamos fazer um clipe dessa música". Então, o primeiro passo foi entrar em estúdio. Gravei uma base tosca de violão e, com a ajuda do Diego, que me dirigiu, passei a registrar um mundaréu de vozes. Fiquei mais três horas colocando as vozes, e criamos um clima como se fosse um coral numa fazenda, com caipiras, russos e ciganos. Acho que esse coro "destrambelhado" e engraçado torna a música acessível. Juntando à letra do hino popular do XV de Piracicaba, essas ideias acabam se completando. E pelo que percebo da reação positiva das pessoas, está dando certo.

O projeto pretende se concentrar em músicas cantadas, em vez de apenas instrumental?
As ideias vão tomando corpo, e leva tempo para assimilar e ver possíveis resultados. Não é tão simples cantar no que não se tem o hábito, além do que, manouche por aqui é algo ainda novo. Trabalho com música instrumental há mais de 30 anos e não pretendo deixar de fazê-la. Nosso show é instrumental recheado de canções, e sempre com bom humor.

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