Sesi recebe exposição itinerante sobre Plínio Marcos
Plínio Marcos é bastante conhecido no
teatro por retratar o submundo das cidades. Autor de obras como Navalha na Carne, Dois Perdidos Numa Noite Suja, Oração
de Um Pé de Chinelo, O Abajur Lilás,
Madame Blavatsky, o dramaturgo paulista,
na verdade, era um apaixonado por samba, circo e futebol. Um pouco dessa
versatilidade, bem como de sua história no teatro, está na mostra Plínio Marcos 80 Anos, em exibição no
hall do teatro do Sesi até 26 de agosto. A entrada é gratuita.
A exposição fez parte do projeto que
homenageou o autor no ano passado, no Centro Cultural Fiesp – Ruth Cardoso. O
tributo também contou com mesas-redondas compostas por nomes que conviveram com
o escritor e temporada com suas principais peças.
Plínio
Marcos 80 Anos
passará 2016 circulando pelas unidades do Sesi-SP. Reúne material do arquivo
particular do dramaturgo. A partir de uma seleção de imagens, foi possível
retratar um pouco da trajetória do escritor, dramaturgo, jornalista, ator rotulado
de "maldito" pelos críticos.
O público encontrará fotografias de
montagens históricas de seus textos, protagonizadas por Tônica Carreiro, Luís
Gustavo, Lima Duarte, Walderez de Barros, entre outros. A curadoria é de Kiko
Barros.
MAIS
–
Plínio Marcos nasceu em Santos (SP), em setembro de 1935, e morreu em novembro
de 1999, em São Paulo. Foi um dos primeiros dramaturgos brasileiros a escrever
sobre marginalidade, prostituição e homossexualidade, sempre com uma rica
abordagem psicológica. Não por acaso, incomodou miliares durante a ditadura
militar.
Atualmente, sua família mantém o site www.pliniomarcos.com,
com diversas informações, tais quais fotos, biografia e prêmios que ele ganhou.
Na página, há relatos autobiográficos diversos, incluindo sobre elaboração de seu
primeiro texto, Barrela (1958):
"Houve um caso, em Santos, que me chocou
profundamente: um garoto foi preso por uma besteira e, na cadeia, foi currado.
Quando saiu, dois dias depois, matou quatro dos caras que estavam com ele na
cela. Fiquei tão chocado com esse negócio todo que escrevi Barrela."
"Juro por essa luz que me ilumina que
até então nunca havia me ocorrido escrever uma peça, pois eu não conhecia as
grandes peças da dramaturgia nacional nem universal. Conhecia as que eram
apresentadas no Pavilhão Liberdade: Paixão
de Cristo, O Mundo Não Me Quis, Rancho Fundo, O Ébrio. Mas, o caso do garoto me comoveu tanto, que, depois de
andar uns tempos atormentado pela história, a despejei no papel."
"Escrevi em forma de diálogo, em forma
de espetáculo de teatro, que era o que eu mais conhecia, mas não me preocupei
com os erros de português nem com as palavras. Imaginei o que se passara no
xadrez antes, durante e depois de o garoto entrar. Coisas que eu conhecia bem
de tanto escutar histórias na boca da malandragem. E dei o nome de Barrela, que é a borra que sobra do
sabão de cinzas e que, na época, era a gíria que se usava para curra."
"Li a peça para alguns companheiros do
circo (havia entrado no circo para ficar perto de uma garota que gostava) e
naturalmente eles acharam que tinha enlouquecido, se pensava que podia encenar
uma peça com aquela linguagem. Ficou por isso mesmo."
"Ninguém quis montar e eu levei para a
Pagu, que achou meu diálogo tão poderoso quanto o do Nélson Rodrigues. Ela,
então, levou Barrela para o Pascoal
Carlos Magno, que estava realizando o Festival Nacional de Teatro de Estudante
em Santos. Então, ele fez um puta escarcéu, descobriu um gênio, essas coisas.”
“... e no final do festival falou para os jornais que fazia questão que os
estudantes montassem a peça."
"Começamos a ensaiar no início do ano de
1959."
Serviço
Exposição
Plínio Marcos 80 Anos
Quando: até 26 de agosto
Visitação: de terça a sexta
Horário: das 13h às 17h
Local: Teatro do Sesi Piracicaba
Endereço: Av. Luiz Ralph Benatti, 600 –
Vila Industrial
Grátis
Agendamentos:
cacpiracicaba@sesisp.org.br
Informações: (19) 3403-5928
Comentários
Postar um comentário