Coletivo Depirarte estreia a peça 'O Rio, A Colina e O Casarão' neste sábado
Por
Naiara Lima
Sob a direção e concepção dramatúrgica
de Daniela Scarpari, o Coletivo Depirarte apresenta seu espetáculo de estreia. O
Rio, A Colina e O Casarão será encenada neste sábado (3), às 20h, no
Centro Cultural Martha Watts. No domingo (4), haverá sessão dupla, às 19h e 21h,
no mesmo local. Eles contam a história de personagens que vivem em uma
cidadezinha margeada por um rio, baseada no livro Spoon River Anthology, de
Edgar Lee Masters. A entrada é gratuita.
A publicação, que completou 100 anos, é
considerada a mais lida de poesias nos Estados Unidos. O interesse do coletivo pela
obra surgiu da relação entre a cidade do livro e Piracicaba. A diretora, que
atualmente mora na Itália, mas está no Brasil, conversou com o PiaparaCultural
sobre essa adaptação. Confira!
Um
dos motivos que levou o grupo a escolher o livro foi a proximidade de elementos
com Piracicaba. Isso ficou evidente no espetáculo ou vocês acharam outro
caminho para a encenação?
A antologia de Spoon River fala, por
meio de seus personagens já mortos, de uma cidade no interior dos Estados
Unidos. Todos "dormem" na colina. O rio Spoon é fundamental para a cidade.
Enfim, achamos vários paralelos com Piracicaba. O espetáculo foi pensado para
ser realizado em espaços não convencionais, e isso automaticamente gera um
dialogo com o mesmo. Todas as referências para os atores foram o diálogo com a
cidade e tudo o que há à sua volta. Piracicaba está no espaço, está na
inspiração e está de qualquer maneira no texto de Lee Masters. A encenação
procura uma poeticidade refletida no espaço cênico.
O
que Spoon River tem a ver com Piracicaba, especialmente nos dias atuais?
Os clássicos são maravilhosos porque são
sempre atuais. O livro trata da sociedade norte-americana de meados de 1920. Porém,
é impressionante como os tantos temas abordados são ainda muito atuais. A
condição da política, da arte, da mulher, da música... enfim, está tudo lá! Ele
tem a ver não só com Piracicaba, mas com qualquer cidade. Vemos no livro a
organização de uma sociedade por meio de figuras-chave, que não são nada além
de grandes arquétipos. Por isso, é tão famoso. Como disse antes, a cidade de
Spoon é cortada por um rio, seus personagens dormem na colina. Lee Masters
conta que não imaginava que o livro teria tanto sucesso e que só queria fazer
um retrato da sua cidadezinha. Mas, como sabemos, "cante a sua aldeia e serás
universal".
Quais
são as histórias de O Rio, A Colina e o
Casarão?
Reprodução |
Mais do que histórias com um fio linear,
vemos situações e personagens nelas inseridos. Temos políticos, casais em
crise, amantes, poetas, banqueiros, fotógrafos, músicos... um leque de
possibilidades.
Os
personagens usam figurinos que remetem ao passado. Como pensaram a estética da peça, seu lugar e
época?
Sim, há uma pegada histórica na
concepção de tudo. Tentamos respeitar a época em que o livro foi escrito, 1915/1920.
Entendemos que quanto mais mergulhássemos naquele lugar e data, mais a peça
seria atual.
Por
ser um livro de poemas, como foi feita a tradução e a adaptação para um texto
de teatro?
Mais que poemas, são depoimentos
poéticos. Às vezes com rima, quase sempre não rimado. O livro é muito
interessante porque temos um personagem por página. Então, não existe uma
história, mas pequenas histórias que se cruzam. No total, são 294 personagens
que se cruzam em 19 histórias.
A concepção dramatúrgica foi feita a
partir de algumas histórias que se cruzam. Entretanto, todo o texto que vemos
no espetáculo é do autor. Tivemos um pouco de dificuldade, pois a única
tradução é de Portugal. Consegui que uma amiga que mora em Lisboa comprasse. Porém,
essa tradução fala só de 70 personagens, e não necessariamente todos estavam na
dramaturgia. Os demais acabamos traduzindo do inglês e do italiano.
Há
muito tempo você está trabalhando na Itália, mas esporadicamente volta a
Piracicaba. Enquanto está por aqui, quais são seus planos?
Sim, tenho trabalhado muito lá, mas
também muito aqui. Além do que fiz com o grupo Andaime e que continuo fazendo, estou
em outros projetos com grupos de São Paulo, por exemplo. Muitas vezes acontecem
intercâmbios, e alguns artistas daqui vão para lá. Já tenho projetos
encaminhados tanto aqui quanto lá. Trabalhei bastante nesses meses aqui e
proximamente volto para concluir outras empreitadas como atriz.
MONTAGEM
–
O
Rio, A Colina e O Casarão tem apoio do Edital Primeiras Obras do ProAC
(Programa de Ação Cultural), da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.
No elenco estão atores do Coletivo Depirarte (Ariane Martins, Carlos de Paula,
Felipe Vechinni, Jennifer Garcia e Will B. de Souza) e também os atores
selecionados pelo projeto para essa produção (André Moura, Bianca Oliveira,
Bruno Oliveira, Diego Mendes e Washington Poppi). Outras três apresentações
estão agendadas para os dias 10 (19h e 21h) e 11 (20h) deste mês, no Centro
Cultural Martha Watts.
*Em caso de chuva, o espetáculo será
adiado.
Serviço
Espetáculo
O Rio, A Colina e O Casarão, do
Coletivo Depiarte
Quando: sábado (20h) e domingo (19h e
21h)
Local: Centro Cultural Martha Watts
Endereço: Rua Boa Morte, 1.257 – Centro
Grátis
Reservas e informações pelo e-mail
depirarte@gmail.com
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