'Vergonha': "É um trabalho bem difícil", diz ator sobre peça em cartaz no 13 de Maio

(Foto: Ivana Debértolis)

Por Henrique Inglez de Souza

Em mais um final de semana de sua atual temporada, o Coletivo Bruto apresenta Vergonha esta sexta-feira (21), sábado (22) e domingo (23), no Clube 13 de Maio. A entrada é gratuita e as vagas limitadas (preenchidas por ordem de chegada). A direção fica a cargo de Paulo Barcellos e o elenco traz os atores Carla Sapuppo, Jorge Lode, Maria Tendlau e Raul Rozados.

Os quatro apresentam histórias que viveram ou que escutaram. São relatos particulares, intimidades por vezes desconfortáveis de serem expostas, que dialogam com situações comuns a diversas pessoas. Abordam temas como a vergonha da família, da casa, da pobreza, de si mesmo, além dos desejos e das aspirações por trás de medos, constrangimentos. Tudo embalado pela ideologia político-cultural do Brasil.

"É um trabalho bem difícil, que, no meu caso, tem extrapolado em muito as fronteiras do meu fazer teatral", comentou Rozados ao PiaparaCultural. "Temos a construção de um 'quebra-cabeça' na primeira parte da encenação. Para tal é necessária a costura de um delicado artesanato, alicerçado sobre emoções tão vivas de cada um dos atores. Perceber que as histórias não são exclusivamente suas, mas também de diversas outras pessoas (inclusive das que estão na plateia) ajuda nesse processo de compartilhamento. Porém, não retira a individualidade das mesmas, ou seja, você continua dono delas."

Quando chega o segundo momento, esse quebra-cabeça emocional "é jogado no chão com toda a força. Você sente o ricochetear das peças, que são lançadas para todos os lados, retornando em sua própria direção", continua o ator. "Esse segundo momento, ao contrário do primeiro, está mais ancorado a artifícios teatrais, o que facilita um pouco (apenas um pouco) a absorção do rebote dos estilhaços que voltam para nós."

A história mostra três conhecidos de uma localidade no interior que recebem uma estrangeira em sua cidade. As quatro figuras trocam relatos íntimos de suas vidas e de seus antepassados. Aos poucos, fica claro que todos esperam um futuro que nunca chega, e a violência entre eles passa a imperar.

"Para mim, a experiência tem sido a de usar sapatos bastante apertados, uns dois números menores do que uso normalmente, num profundo e dolorido desconforto", avalia Raul Rozados. "Há o agravante de que os sapatos não podem ser simplesmente retirados e colocados novamente quando necessários. Eles estão lá, em meus pés! Claro que vejo a potência, a necessidade, a atualidade e a importância que o trabalho comporta, e daí entre andar descalço e usar os sapatos apertados, vou usando os sapatos."

A realização conta com o apoio do ProAC (Programa de Ação Cultural) Edital 1 – Produção de Espetáculo Inédito e Temporada de Teatro (2015) –, uma realização do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Estado da Cultura.

Serviço

Espetáculo Vergonha, do Coletivo Bruto
Temporada: até 30 de outubro
Quando: Hoje, sábado (22) e domingo (23)
Horário: 20h
Local: Clube 13 de Maio
Endereço: Rua 13 de Maio, 1.118 – Centro
Classificação: 16 anos
Grátis (vagas limitadas, preenchidas por ordem de chegada)
Informações e nome na lista: coletivobruto@gmail.com

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