Marcelo Cigano traz novamente seu acordeão ao Festival de Jazz Manouche


(Foto: Munir Bucair Filho/Divulgação)

Por Henrique Inglez de Souza

De Curitiba (PR), Marcelo Cigano foi um dos grandes destaques do 3º Festival de Jazz Manouche de Piracicaba, realizado em 2015. O exímio sanfoneiro voltará a Piracicaba para a quarta edição do evento, confirmada para o próximo dia 22, na parte externa do Teatro do Engenho. Autodidata, seu estilo impressiona pela fluência e pelo sentimento. Além do jazz cigano, o músico transita por praias como o samba, o choro, a bossa nova, o forró e o tango.

O que se celebra no acordeão do jazz cigano? Quando toca, parece que está evocando uma espécie de celebração.
Celebramos a vida. O povo cigano é alegre, temos um estilo virtuoso, tocando notas rápidas e com um sentimento profundo que a escola não ensina. Todo mundo se liga no lado místico dos ciganos, mas cremos em Deus, sobre todas as coisas. O meu estilo é diferente. Meu nome é Marcelo Cigano, porque realmente venho de uma família cigana. E quando abordo, levo esse sotaque – mesmo se for uma música popular. Toquei ano passado no festival, e acredito que a organização gostou.

Você irá se apresentar com a holandesa Irene Ypenburg e com o norueguês Jon Larsen. Qual é a combinação que fizeram para as performances?
Ainda não temos nada definido, mas será uma bela surpresa – podem acreditar! A Irene me passou três músicas e uns vídeos, e ensaiaremos quando chegarmos aí, em Piracicaba. Da mesma maneira, recebi uma lista com alguns temas para o show com o Larsen.

O caráter de jam que o manouche inspira facilita?
A ideia é bem essa: um show descontraído! É tocar curtindo o momento como numa jam.

Você vai apresentar temas seus?
Vou tocar um, chamado Waltz for Galliano – ainda não sei com quem. Compus este tema em homenagem a Richard Galliano, o acordeonista francês.

Quais são as novidades de sua carreira?
Estou com um projeto de tango chamado Trio Sur. Este nome vem do fato de haver integrantes do Brasil, Uruguai e Argentina. Conta com o pianista uruguaio Santiago Beis e o argentino Victor Gabriel Castro, no saxofone, flauta e clarinete, além de Emannuel Bach, guitarra e violão.

Faz tempo que está na estrada?
Sempre toquei por hobby, mas em 2008 me inscrevi num festival de acordeonistas promovido pela Associação dos Acordeonistas do Brasil e pela fabricante Scandalli. E venci! A partir dali comecei a pensar em tocar profissionalmente. Em 2010, me inscrevi noutro festival, promovido pela Roland. Também ganhei, e acabei indo representar o Brasil na final, em Roma, Itália. De lá tive a oportunidade de ir à Croácia, em Zagreb. 

Toquei em algumas cidades daquele país e conheci o acordeonista francês Ludovic Beier. Ele é referência do acordeão do jazz manouche. É o cara! Nós tocamos juntos na Copa Mundial de Acordeão, em Varazdin (Croácia). Aí, surgiu a ideia de uma parceria.

Na volta da Europa, gravei meu disco, Influência do Jazz (2013 – ouça aqui), que teve a participação do Hermeto Pascoal, Toninho Ferragutti, Léa Freire e Thiago Espírito Santo. No lançamento, convidei o Ludovic e fizemos três shows em Curitiba. Ficou a ideia de darmos a sequência a esse trabalho. Ele compôs uma música em minha homenagem.

Veja Marcelo Cigano debulhando seu acordeão com tamanha maestria.
 

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