Kiko Zambianchi toca neste sábado em Piracicaba. Leia a entrevista!
Divulgação/Sesc Piracicaba |
Por Henrique Inglez de Souza
Esta semana tem Kiko Zambianchi no Sesc Piracicaba (rua Ipiranga, 155 – Centro/3437-9292). O cantor e compositor apresenta-se no sábado (23), às 20h, na Comedoria, trazendo a turnê que surgiu para promover o álbum Acústico Ao Vivo (2013). Seus mais de 30 anos de carreira colecionam, além de sua obra, canções interpretadas por nomes como Legião Urbana, Ira!, Erasmo Carlos e Lil Scrappy (rapper norte-americano). Rolam as Pedras, Primeiros Erros e Eu Te Amo Você são alguns dos clássicos que saíram de suas mãos, os quais embalarão o público piracicabano. A entrada é franca, com limite de dois ingressos por pessoa. Veja o papo que batemos com ele.
Faz tempo que você tem rodado o Brasil com a turnê do Acústico
Ao Vivo. Os shows mudaram muito desde que começou, há cerca de três anos?
Tem algumas músicas diferentes, está mudando. Na
verdade, toco violão, mas já não considero como sendo o show do Acústico.
Não tocamos mais com baixo acústico, tem guitarra... É que uso violão, então
ainda fica aquela coisa de acústico e tal. Mas não é mais aquela turnê, não é
exatamente.
Você está preparando um disco novo, com pegada mais
rock e elétrica. Imagino que isso tenha influenciado no fato de estar "eletrificando" as performances.
É, estamos começando a colocar músicas novas. Temos passado
por um período de criação para esse novo trabalho.
Qual é o status do novo trabalho?
Venho compondo um monte de músicas, mas a situação
atual do país, para lançar disco, realmente está uma coisa meio difícil. Sou um
artista não digo maldito, mas meio excluído da parte de mídia. Vivo em um mundo
meio separado do que a maioria dos artistas no Brasil está vivendo ou
procurando viver. O meu trabalho é isso: meio independente, meio
solitário.
Fora do que chamam de mainstream...
É, eu faço um trabalho independente. Gosto de tocar,
entende? Acho que a música não é televisão, não é videoclipe. Música é música!
Não é aparecer na TV ou estar no jornal, ou ficar lançando as músicas do
jeito que todo mundo faz. Não gosto disso. O meu trabalho é superintuitivo: vou
fazendo, vou tocando, e as coisas vão acontecendo. Não procuro seguir essas
regras que todo mundo segue.
No Brasil, o formato acústico já está desgastado
ou ainda é um formato mais imediato para conseguir show?
Não é o formato acústico ou o tipo de som que você
faz. O que está em baixa – no Brasil, pelo menos – é toda música com melodia.
Hoje em dia as pessoas estão mais ligadas em MCs, em outras coisas. Não são tantos
artistas que estão acontecendo ou que têm sido procurados para tocar violão,
por exemplo. Você não vê um cara que toca violão bem aparecendo a toda hora aí.
Aparece é a popozuda e tal, sabe? Então, é complicado. É um cenário que vai
tirando a possibilidade de fazermos história.
A cada passagem de ano
descobrimos que não surgiu ninguém que possa ter uma carreira de que daqui a
alguns anos poderemos nos orgulharmos. Sempre digo que se tivéssemos um
Caetano Veloso, um Gilberto Gil, um João Bosco começando hoje em dia, daqui a
um tempo não conseguiríamos acompanhar a carreira e ouvir as músicas deles.
Essa é uma preocupação grande que deveríamos ter e que acho não interessar
ao governo, à política atual e ao Brasil do jeito que está aparecendo. Não
interessam artistas que tenham o que falar e o mínimo de inteligência.
Apesar disso, a internet deu uma diluída nessa coisa
do mainstream, né?
Exatamente! Tem que partir para uma nova tática. Se
não há espaço para mostrarmos o nosso trabalho, a internet tem essa força –
apesar de que, na internet, se prefere bizarrices a artistas, mesmo. O bizarro
é sempre mais visto, mais divulgado.
Sua carreira tem um traço que é menos comum em relação a outras: ganhou um
novo fôlego na releitura ou gravação de artistas para as suas músicas. Isso
interferiu no perfil do público que compra seus discos e que vai aos seus
shows?
Acho que sim. Essa talvez seja a minha participação no
mainstream, como compositor. Me procuram artistas de todos os estilos para que eu
mande algum coisa, e tenho mandado – mas nem sempre são famosos. O Capital Inicial
grava, o Ira! já gravou, um monte de gente já gravou. Só que considero essa uma
outra parte da minha carreira, um outro lado. Mas ajuda, sim.
Qual será a cara do disco que está preparando?
Vou fazer um disco que tenha a minha cara como
artista. Apesar de eu trabalhar com outros tipos de música – para quem não
sabe, já trabalhei até com hip hop em Nova York –, será no estilo que lancei na
minha carreira. Ainda não tenho muito. Precisamos entrar em estúdio para
ver o que será. As músicas estão no violão, sendo trabalhadas. Não são
todas que estão prontas. A vontade é de tocar guitarra e preparar um disco mais
elétrico.
Vai ser diferente em relação ao Disco Novo, de
2002?
Não sei. Gosto do Disco Novo. Talvez
seja parecido, mas com algumas coisas mais atuais.
Para você, como artista, o que te mantém no Brasil?
Faço shows e essa coisa de trabalhar como compositor. Vivo
praticamente de direitos. Eu conseguiria não fazer mais shows, mas gosto de
tocar, então também faço shows.
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